O novo perfil de alunos demanda das escolas e da educação um modelo pedagógico mais inclusivo, participativo e dinâmico. Essa é, também, a proposta do movimento maker, cujo objetivo é incentivar que as pessoas “coloquem a mão na massa”. E, com isso, estimular a criatividade.
Incorporar a Cultura Maker aos processos educacionais pode trazer uma série de benefícios para os estudantes e para a escola. Listamos aqui alguns pontos positivos relacionados a implementação da Cultura Maker no contexto escolar:
Maior interesse pelas disciplinas curriculares
É comum os alunos se sentirem desinteressados por não conseguirem identificar aplicações dos conceitos mostrados em sala no seu dia a dia. Ao colocar a mão na massa, unindo teoria e prática, os estudantes passam a compreender melhor a relevância dos conteúdos disciplinares, se engajando mais nas aulas.
Maior absorção do conhecimento
O aluno aplica o conhecimento teórico em atividades práticas, na resolução de problemas reais. Ao ser desafiado a colocar a “mão na massa”, o aprendizado por meio de experiências passa a ser o caminho natural para a absorção de conhecimento.
Aumento do estímulo ao empreendedorismo
Estudantes que trabalham com atividades baseadas em projetos conseguem ampliar suas percepções e entender que podem investir no desenvolvimento de seus próprios empreendimentos.
Desenvolvimento de novas competências
Trabalhar na elaboração de projetos estimula o desenvolvimento das famosas habilidades socioemocionais, cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho e necessárias para enfrentar os desafios do século XXI.
Mas por onde começar?
Um gestor deve refletir sobre os seguintes questionamentos ao iniciar a montagem de um espaço maker:
- Como a Cultura Maker vai se integrar com o contexto da escola?
- Como dar significado pedagógico ao Espaço Maker?
- Quem serão os usuários desse espaço?
- O que será feito por esses usuários?
- Quais séries e quais professores trabalharão lá?
- Quais materiais serão utilizados, inicialmente?
Quem são os parceiros que podem me ajudar a viabilizar esse projeto?
Implementar novas formas de ensinar é um desafio para a criação de um espaço maker nas escolas. Para o espaço funcionar bem, é preciso haver uma mudança metodológica na abordagem dos conteúdos.
As pessoas devem vir em primeiro lugar. Um ponto a ser observado é a mudança de atitude dos professores. Depois devem ser consideradas as atividades que serão realizadas no local e, por último, deve-se organizar e montar o espaço em si.
Confira 3 dicas práticas para criar um espaço maker
A montagem de um espaço maker exige planejamento e atenção aos detalhes. É preciso adequar as atividades que serão desenvolvidas aos equipamentos e ferramentas. Confira as dicas:
1 – Organize o espaço
Alguns critérios importantes devem ser levados em conta ao organizar os equipamentos e ferramentas no espaço.
TAMANHO DO LOCAL
Uma preocupação crucial é em manter uma circulação adequada no ambiente para que as pessoas circulem facilmente em direção às ferramentas e à própria bancada de trabalho. Um espaço de 60m², por exemplo, seria adequado para um grupo de 20 pessoas trabalharem. A dica aqui é considerar cerca de 2 m² por pessoa que irá utilizar o espaço maker.
DISPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
Basicamente, há dois critérios a serem seguidos neste quesito. Primeiro, os equipamentos e ferramentas devem estar na periferia do espaço. O centro deve ficar livre para as pessoas se locomoverem. Por isso, mesas e bancadas não podem ser fixadas ao chão, pois poderão ser realocadas conforme a necessidade do grupo. Outro aspecto importante é alocar as “ferramentas barulhentas” o mais distante possível das “silenciosas”.
ARMAZENAMENTO DE PROJETOS
Em uma escola, a maioria dos projetos iniciados não serão finalizados no mesmo dia. Portanto, ao planejar o espaço é importante reservar um local para abrigar os projetos em andamento.
2 – Adquira as ferramentas
A escolha das ferramentas que estarão disponíveis no espaço exige reflexão. É preciso analisar: quais ferramentas serão realmente importantes para o propósito do espaço maker na escola e quais terão uso mais recorrente.
Com isso em mente, gestores e professores podem iniciar a aquisição de equipamentos. Para facilitar, elencamos uma lista com as ferramentas mais úteis. Essas ferramentas são divididas em quatro grupos, sem hierarquia, mas que são usadas para ajudar a alocar os equipamentos e ferramentas dentro do espaço. Confira:
1° camada
MÁQUINAS DE FABRICAÇÃO DIGITAL
- Impressora 3D
- Cortadora a laser
- Cortadora de vinil
- Roteadora CNC
- Fresadora
2° camada
FERRAMENTAS MANUAIS E ELÉTRICAS
- Chave de fenda
- Chave de boca
- Alicate
- Martelo
- Broca
- Tesoura
- Réguas
- Serrote
- Furadeira vertical
- Furadeira morsa
- Serra tico-tico
- Lixadeira
- Trena
3° camada
PARTE ELETRÔNICA
- Soldas e componentes
- kits de robótica
- Placas
4° camada
SOFTWARES
- Softwares para programação
- Softwares para modelagem (2D/3D)
Além disso, há materiais de papelaria e informática que também serão muito usados:
- Cartolinas
- Tinta
- Cola
- Pincéis
- Post-it
- Fita dupla face
- Papelão
- Caneta hidrográfica colorida
- Régua
- Estilete
- Tesoura
- Computadores
- Tablets
- Sucata (restos de acrílico,madeira, equipamentos velhos e quebrados — computadores, impressoras…)
3 – Oriente o uso do espaço
Ter um espaço maker na escola exige alguns cuidados básicos. Alunos, professores e monitores devem respeitar tanto as recomendações de segurança quanto o vestuário adequado — que ajuda a proteger o corpo durante o trabalho no local.
Listamos aqui algumas recomendações para ajudar a sua escola a garantir mais segurança:
Recomendações de vestuário:
- Calças compridas (ou bermudas longas, abaixo do joelho)
- Sapatos fechados
- Cabelos longos presos com coque e rede
- Acessórios como colares, pulseiras, relógios e brincos devem ser retirados, assim como agasalhos amarrados na cintura
- Cadarço dos tênis e sapatos nunca soltos
Equipamentos de proteção necessários:
- Óculos de proteção
- Luva tricotada
- Luva latex
- Protetor auricular (caso haja máquina com alto ruído)